Cara de quem fez… Asneira!
Cara de quem fez c@%&$@ porque deixou mecanismos cerebrais que conhece de ginjeira tomarem o comando das operações…
Sabem aquelas situações que nos fazem, literalmente, “saltar a tampa”?
Que nos fazem perder as estribeiras e virar um bicho estranho?
Pois é…
Elas despoletam mecanismos cerebrais muito antigos associados à luta pela sobrevivência porque estamos, de alguma forma, a sentir-nos ameaçados (moralmente, na nossa dignidade mesmo numa situação que gerou uma perceção de forte grande injustiça) .
Esses mecanismos não têm nada de racionais porque não é para razoabilidade que servem.
Servem para “darmos corda aos sapatos” e corrermos que como se o diabo nos estivesse a perseguir, para fugir daquele pastor alemão que deve pesar uns bons 70 kg e que resolveu que queria dar-nos umas mordiscadelas como snack.
Servem para nos virarmos ao tipo que está a tentar assaltar-nos com aquele pontapé rotativo que aprendemos nas aulas de krav maga e ganhar tempo para fugir.
Servem para lutar ou fugir para salvar a nossa vida. Visceral e simples, assim. Assim é o nosso cérebro , também.
Ou seja, não dá tempo para pensar, medir prós e contras, refletir se será a atitude mais sensata e se produzirá os resultados que buscamos.
Os nossos mecanismos de sobrevivência “a la homem das cavernas” são milhares de vezes mais rápidos do que os que nos permitem refletir em situações de stress e tomar as melhores decisões. Além de que os primeiros são automáticos e os segundos só funcionam “on demand”, isto é, se os despoletarmos conscientemente.
Toda esta converseta para vos explicar, meus amigos, que precisamos, na maior parte das situações, de uns segundos (às vezes, uns minutos!) para nos darmos tempo para mandar o neandertal que vive em nós de volta para a sua caverna, antes de fazer estragos de maior, e usar a nossa capacidade de análise e racionalidade para resolver de forma limpa e equilibrada até a situação mais desafiante.
E o bottom line aqui é maximizar a probabilidade de produzirmos os resultados que queremos.
Somos como o Dr. Jekyll e Mr. Hyde, estão a ver?
Como podemos fazê-lo?
Depende.
Tal como cada um de nós tem os seus próprios triggers que nos tiram do eixo, também esta especificidade se aplica ao que nos ajuda a libertar a pressão e regressar ao nosso centro de equilíbrio.
Teremos que ir experimentando para perceberemos o que melhor resulta para nós.
Importantíssimo: adiar qualquer decisão ou qualquer “tête-a-tête” que possamos prever mais “animado” para depois de voltarmos a ser o nosso Eu mais equilibrado e sensato.
Só assim teremos novamente ao dispor todos os nossos recursos e capacidade de análise. E aumentaremos a probabilidade de dizermos e fazermos exatamente o que queremos fazer e dizer e produzirmos os resultados que queremos e não os opostos, que é o que geralmente acontece quando “reagimos quente”.
Olhem para o relógio : quando o arrependimento chegar porque queríamos ter agido de outra forma será quando finalmente nos acalmámos e conseguimos raciocinar com clareza.
E geralmente, esta ficha não demora muito a cair. E mesmo que não queiramos admiti-lo perante os outros, dentro de nós sabemos que é assim.
Algumas sugestões:
Contar até 5, numa variação da “Regra dos 5 segundos”, da Mel Robbins. Se não fizer a magia esperada à primeira, respirar fundo e contar novamente! 5, 4, 3, 2, 1 – vou acalmar-me e pensar com clareza! Estaremos a invocar a parte racional do nosso cérebro e a permitir-lhe que retome o comando.
Respirar profundamente, as vezes que forem necessárias. Fechar os olhos, virarmo-nos um pouco para dentro. Mão no coração, para ajudar a acalmar os ânimos mais rapidamente. Isto ativa o nosso modo “extintor de incêndio” interior: diz ao nosso cérebro que o perigo passou e ativa o mecanismo de regresso ao nosso estado normal.
Ouvir música. Mas música que adoramos, que nos faz vibrar, que tem boas recordações associadas daquele verão, daquela festa, daquela fase da nossa vida. Essas boas vibes virão, sem que as chamemos: uma boa enxurrada de neuroquímicos de bem-estar virão em nosso auxílio!
Depois disto, estaremos em condições de colocarmos a situação no devido contexto para ajustarmos a nossa reação de acordo. E de falarmos connosco mesmos como falaríamos com um amigo querido. De forma construtiva e reparadora. Tal como precisamos, nesses momentos.
E então, a tempestade que se estava a formar transforma-se em aguaceiro. Que é o que acontece invariavelmente, na esmagadora maioria das vezes.
Com maior ou menor frequência vamos todos cair na esparrela, mesmo quem deveria saber e fazer melhor (euzinha!!).
Mas o nosso caminho é sobre progresso. Não sobre perfeição!
É sobre irmos caindo cada vez menos vezes e sermos cada vez mais ágeis a retomar o equilíbrio nas vezes em que nos “estendemos ao comprido”.
É isso!