As tretas que contamos a nós próprios!
As m€#&@s que metemos na cabeça!!
Em miúda tive uma lesão desportiva relativamente séria nos dois joelhos.
Tratamentos de toda a espécie remediaram mas não resolveram. Aprendi a lidar com algumas limitações e a reconhecer situações e práticas que iriam massacrar estas articulações, provocando dor.
Todo o exercício com impacto proibido. Incluindo as corridas, claro. Sempre que me borrifei e fiz umas corridinhas furtivas, ganhei 2 semanas de dor intensa e joelhos inchados.
As minhas 2 gravidezes deram-lhes o golpe de misericórdia e o sedentarismo fez o que restava. Paz à sua alma!
Pus um travão no descalabro em curso ao regressar ao ginásio, após uns bons anos de ausência. Trabalho muscular sério para mitigar as mazelas de quem já cá anda há umas décadas.
Na primeira sessão de cardio em mais anos do que gosto de admitir, ia limitar-me à bicicleta elíptica, como sempre. Secaaaaaa!!
Um dos instrutores em sala aborda-me, oferecendo ajuda e pergunta-me porque não dou uma corridinha na passadeira.
Expliquei tudo.
O diálogo que se seguiu teve tanto de doido como de life – changing.
Responde-me, bem disposto:
– Se calhar a Ana é que não sabe correr.
(a minha cara)
– Bem… Com 40 anos, acho que sei correr!!
Respondi, desatando a rir.
Ele não desarmou e pediu, sorridente :
– Então corra lá um bocadinho para eu ver.
Acedi.
Em segundos, interrompe-me.
– Vê?? Eu disse-lhe que não sabia correr.
Entreguei os pontos:
– OK! Sou toda ouvidos! Surpreenda-me!!
– Corre como anda, apoiando o calcanhar primeiro. É isso que lhe rebenta com as costas e joelhos. Inverta. Primeiro ponta do pé, movimento fluído, passada longa. Vai mudar tudo!!
Corriam-me as lágrimas de tanto rir . Quando consegui falar novamente, saiu-me esta pérola:
– Correr como se estivesse de saltos altos, é isso??
E sim. Era. Riam-se à vontade!!
O que é certo é que experimentei logo na hora. E pronto. Mudou tudo!!
Funciona para todos? Não sei!
Mudou radicalmente a minha experiência? Sem dúvida!!
Agora? Corro como se o diabo me perseguisse, sem dores.
Sabem durante quantos anos andei convencida que nunca poderia correr à vontade?? Uns 25!! Mesmo ao entrar na idade adulta, nunca questionei esta premissa. Nunca pus em causa.
Toda esta história, além de ser super engraçada, serviu para me acordar para a força que aquilo em que acreditamos tem na nossa vida.
Algumas conclusões rápidas :
Achamos sempre que dominamos as coisas que consideramos elementares. Wrong!! Think again! Por vezes são as mais desafiantes e com maior potencial transformador da nossa vida. Como aprender a correr corretamente aos 40 anos…
As tangas que repetimos insistentemente para nós mesmos, viram a nossa verdade. Vivemo-las realmente. Mesmo que estejam totalmente erradas, como neste caso.
O nosso cérebro não distingue realidade de crenças e pensamentos. Uma bênção (dado o potencial criador) e um perigo (porque para dar m€&#@ não custa nada!! ).
Humildade é essencial! Que nunca duvidemos do quanto podemos aprender com os outros! Claro, desde que estejamos dispostos a ouvir, dar o benefício da dúvida e experimentar, para formarmos opinião com base na nossa experiência.
Questionar tem que tornar-se um vício.
Temos mesmo que prestar atenção: sempre que alguma resposta nos saltar logo da ponta da língua, sem um milisegundo para pensar sequer, é bem possível que esteja enraizada numa destas crenças que se tornam automatizações de pensamento… E que nem sempre nos ajudam a obter os resultados que desejamos!!
Que outras tretas andamos a vender a nós próprios? A carregar pela vida fora? De que forma limitamos o nosso potencial com m€_#@s que aceitamos como verdades e estão bem longe de o ser?
É como o título do novo livro da extraordinária Marisa Peer: “Tell Yourself a Better Lie”.
Tell Yourself a Better Lie. Tudo dito. No need for comments