Sou uma Mama Bear
Confesso: Sou uma mama bear!!
Qual mãe-galinha, qual quê!!
O meu grau de “pancada” é um furo acima disso!
Já acreditei que era irrecuperável mas agora sei que não. Estou em plena e franca recuperação.
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O certo é que quando nos colocamos em primeiro lugar e fazemos algo importante por nós, estamos também a fazê-lo pelas crias.
Porque aí teremos muito mais e melhor de nós para dar.
E estaremos a dar um exemplo forte, de resiliência, de persistência nos nossos objetivos.
Se não for algo importante para o nosso crescimento pessoal ou profissional e for “simplesmente” importante para o nosso bem-estar (e isso não é pouco!!) também estaremos a passar uma mensagem vital, de que devemos amar-nos e cuidar de nós. Por nós. E por eles também.
O meu cérebro sabe tudo isto, meus amigos.
Mas quando surge aquele curso que eu sempre quis fazer e que vai ajudar-me a expandir o meu mundo e a criar uma Ana muito mais capacitada para tudo o que quero fazer….
Red alert!! É ao fim de semana! Durante uns tempos. Ai, meu Deus!! Os miúdos!
Os miúdos… Que, felizmente, até têm família, pai e avós dos 2 lados… Que os amam e mimam até à exaustão…
Os miúdos, que sendo pequenos já são grandinhos: não há bebés de colo! E até acham graça a uns dias diferentes! E até lhes fará bem ter um pouquinho de saudades da mãe…
E está aqui a vossa amiga, que parece até uma tipa inteligente, mas nessas situações é burrrrrraaaaaaaaa que dói, a sofrer, a torturar-se todos os dias com o conflito interior que se gera: quero muito ir e quero muito ficar.
E sou grande mas não sou duas.
A tempestade elétrica que se gera no meu cérebro daria para iluminar uma cidade inteira, vos garanto!
Em conversa com outras mães (porque tenho o hábito de falar sobre o que me apoquenta ), já ouvi coisas verdadeiramente incríveis, que causam muito sofrimento!
” Quero muito ir fazer aquele curso mas não sou capaz de deixar os miúdos ao fim de semana.”
” Adorava iniciar finalmente este projeto que foi sempre o meu sonho mas tenho medo de não ter tempo para os miúdos. Vou esperar mais uns anos.”
“Ía dar aquele pulo na minha carreira mas não me consigo comprometer… Os miúdos!”
Isto é tortura emocional. Um crime contra nós mesmas.
O nosso cérebro cria a nossa experiência.
Os circuitos cerebrais que suportam aquilo em que acreditamos tornam-se cada vez mais fortes.
E os outros que poderiam “salvar-nos” (ajudando a criar uma perceção diferente do mundo e dos seus desafios) ficam cada vez mais fraquitos, por falta de uso (os milagres e maravilhas neuroplasticidade… ).
Por outro lado, a nossa experiência vai reforçando no nosso cérebro aquilo que são os circuitos e caminhos neuronais que melhor a suportam e vai, por isso, moldando a estrutura do próprio cérebro.
Arrepiados? É mesmo isto que acontece. Literalmente. Um loop infinito.
O nosso cérebro (re)cria a nossa experiência. A nossa experiência (re)cria e molda o nosso cérebro.
F#&%@-$€!!
Adivinhem o que acontece a mama bears como eu e tantas outras???
Dá para ouvir a musiquinha do filme? A Neverending Storyyyyy (até estou a ver o genérico com o puto a voar, montado nas costas do dragão , lembram-se?)
Disto, minha gente, não se escapa.
O mais engraçado, sem ter graça nenhuma?
A chave para sair deste nó infernal como aqueles que os escuteiros aprendem e que ninguém consegue desatar? Quem a tem???
Nós!!
O nosso cérebro está apenas a tentar defender-nos e às nossas crias.
Realmente, as nossas antepassadas lá nas cavernas, tinham que estar de olho nas crias em todos os segundos. Eram frágeis e estavam à mercê de predadores selvagens : às mães distraídas, os bichos selvagens comiam as crias!!
Foi crucial para a preservação da espécie e por isso, de alguma forma, será um mecanismo que continua embutido, lá no fundo do inconsciente.
Now what? O que se faz com isto?
É desafiante mas se fosse fácil estariam cá outras!!
Sugestões…
PORQUE SIM! PORQUE NÃO!
Folha de papel, caneta, 2 colunas. Motivos para sim. Motivos para não. Despejar tudo o que nos lembrarmos. Depois analisar… Geralmente não deixa dúvidas e gera uns bons momentos “a-ha”!! Estamos a calar a parte mais primitiva do nosso cérebro e a dar voz novamente à parte mais lógica e analítica: pomos ordem na barraca!
CONVERSEMOS, minha gente! Mas atenção!! Com quem nos queira bem, nos queira ver brilhar e nos empurre para a frente, a pontapés, se necessário for!! São pessoas que têm o condão de nos ajudar a descomplicar.
PREPARAR TUDO: vamos organizar tudo, falar com a família e planificar o mais detalhadamente possível a nossa ausência. Cobrir eventuais imprevistos e definir o que fazer nessas situações.
Quando o nosso cérebro sente que sabe o que fazer em todos os aspetos possíveis, acalma-se, finalmente. Eliminamos o mais possível a imprevisibilidade e o nosso cérebro adora isso!!
AÇÃO!!
5,4,3,2,1, GO!! Como a Mel Robbins e a sua regra dos 5 segundos.
Atira-te ao mar e diz que te empurraram!! (já sabem que adoro música!!).
Ação gera nova experiência: o cérebro vê que não morremos e que as nossas crias continuam vivas.
Nova experiência modifica o cérebro mas desta vez, a nosso favor!! E boom
Com consistência, vamos consolidando novos caminhos neurais que se tornam cada vez mais fortes!! E viramos o sacana do loop infinito a nosso favor!!
E não será que, lá no fundinho, bem fundo… Estamos masé cheias de cagufas… De medo! De falhar, de não conseguir, de não ter o que é preciso…
E acabamos por utilizar como justificação para nós mesmas, o facto de termos que estar sempre presentes a todos os instantes para as nossas crias?
E por isso não corrermos os riscos necessários para ir atrás do que realmente desejamos trazer para a nossa vida e a deles também?
A mim esta carapuça de m€#&@ serve muitas vezes. Mais alguém?
Quanto aos outros moços e moças… Já vos estou a ouvir daqui…
“Ah e tal! Este post da Ana não é para mim! Não tenho filhos!!!”
Ou
“Isso é coisa de mãe… Eu não tenho disso (caso dos pais)…”
Pois… Então qual a tua desculpa? Que desculpa te dás para não ires atrás da experiência que sonhas para a tua vida???
Pensa lá bem…